sexta-feira, 19 de outubro de 2012

TEXTO DO PADRE DÉCIO


“… Da ilusão e fantasia da participação democrática… ao realismo do sistema eleitoral carcomido e esgotado… porque …Nada há de novo debaixo do sol…”

O “voto consciente” continua refém dos interesses partidários despreocupados com as demandas sociais e focados em seus destinos interessistas porque,
no fundo, querem mesmo é lucrar, custe o que custar.

Quem ganhou, ganhou, quem perdeu, perdeu, nada mudará se as principais lideranças do país não se convenceram em não continuar como está, com essas regras de jogo vencidas e viciadas elegendo sempre os mesmos e mantendo a sobrevida dos privilégios de uma classe política parasita do qual analisamos os números deste espetáculo do “pão e circo” político-partidário sarandiense, abaixo:

1. Os resultados das eleições para a câmara de vereadores em Sarandi confirmam de “cabo a rabo” as expectativas das forças políticas que arquitetam as coligações partidárias, não só para ganhar as eleições, mas conseguir, também, o maior número de vereadores (no caso a totalidade) que lhe dessem sustentação.
2. Que as coligações de oposição corriam o risco de não eleger ninguém, pelo simples fato de não terem candidatos com expressão e densidade eleitoral. Isto de fato também ocorreu, mesmo com partidos como o PT, que muito embora, tenha tido o segundo candidato (Bianco 2.035) mais bem votado não atingiu o coeficiente eleitoral, ficando assim de fora da Nova Câmara.
3. Que as coligações são montadas para beneficiar e eleger os que lá estão permitindo com “risco calculado” renovar entre 30 e 40 % dos indesejáveis, desgastados ou “trouxas políticos” de turno.
4. Que candidatos como: Bianco 2.035 votos, Dionísio da Diocar 1.087 votos, Leão 1.004 votos, Valdir do açougue 847 votos, Coceira da Metalúrgica 826 votos, ficam “a ver navios” ou na “rua da amargura”; vendo chegar “lá”… O Adilson com 756 votos ou Nelson Lima com 919 votos.
5. Que os candidatos Bianco (2.035 votos), Dionísio da Diocar (1087 votos), e Leão (1.004), obtiveram 412 votos a mais do que a soma dos quatros últimos eleitos, ou seja: Adilson, Nelson Lima 919 votos, Nildão 1.017 votos, Grava 1.022 votos.
6. Que candidatos de 300 até 800 votos, obtiveram um total de 18.096 votos, bem superior aos 11.858 votos obtidos pelos eleitos.
7. Que a multidão de candidatos “descartáveis”, “inocentes” ou malandros” “úteis” ou “inúteis”, isto é, de 300 votos para baixo, obtiveram 13.291 votos, bem mais que os 11.858 votos que elegeram a nova câmara.
8. Que no interior das próprias coligações existem candidatos preferenciais nos quais se investe pesado, não poucas vezes, até para derrubar, algum candidato “indesejável” das próprias coligações.
9. Que candidatos “mequetrefes”, ou seja, a multidão de “descartáveis”, “inocentes” e “malandros”, “úteis” ou “inúteis” são tratados a “Pão e água”, quer dizer, através de santinhos, faixas e banners, além de um monte de promessas não cumpridas em “ajudas” para a campanha.

“…Sem Reforma Política, tudo continua como dantes na terra de Abrantes…”.

No cenário acima analisado frente às eleições em Sarandi/2012 demonstram, infelizmente, um retrato comum em relação ao perfil partidário-eleitoral do Brasil, ou seja, uma salada de siglas que se multiplicam a cada eleição despolitizando as campanhas e abrindo espaço para negócios e interesses escusos exigindo, então, uma verdadeira Reforma Política em 2014.

É surreal e absurdo o número de 30 partidos habilitados a disputar eleições inviabilizando qualquer debate sério e programático, além de deixar o eleitor com a sensação que tudo é a mesma coisa e nem vale a pena votar porque nada vai mudar. Haja vista os 25% de votos brancos, nulos e abstenções.

Portanto, consideramos extremamente necessárias como propostas na possível Reforma Política, as seguintes sugestões:

1. Clausula de barreiras ou de desempenho –
a. Esta Proposta que há anos está em discutição no congresso Nacional, prevê que para ter direito ao fundo partidário e ao tempo de televisão as siglas atuais conquistem pelo menos 5% dos votos validos para deputados federais, tendo também 5% dos votos validos em pelo menos 9 dos 27 estados.
b. Esta proposta tornaria mais civilizada nossa degradada estrutura partidária e acabaria com a “traficância” de partidos sem representatividade real na sociedade, segundo alguns analistas, restariam apenas uns seis partidos.
2. O “voto distrital misto” ou “puro”:
a. No caso de eleições municipais, distribuirá melhor a representatividade e facilitaria, assim, o acompanhamento ou cobrança dos eleitos por residirem na mesma região ou distrito.
3. O fim das coligações nas “eleições proporcionais” para Vereadores ou Deputados
a. Haja vista o exemplo sarandiense, tais como o Bianco 2.035 votos, (segundo mais votado) ou Dionísio da Diocar 1.087 votos, Leão 1.004 votos acabando ficando de fora.

Se pelo menos estas três propostas forem feitas, seria um bom começo para redespertar o interesse dos cidadãos (as) eleitores (as) em participar da vida Política do país de forma permanente e vigilante, e não apenas no dia do VOTO OBRIGÁTÓRIO, que poderia, aliás, deixar de ser imposição legal e se tornar apenas um direito.

Artigo desenvolvido por:

Pe. Décio V. Marques

Dr Allan Marcio Vieira da Silva

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