O que diferencia um
bandido de um contraventor? A terminologia. A diferença de classes nomeia de
diferentes formas aquilo que possui o mesmo significado, promovendo a
ignorância, a confusão e por fim a preguiça de pensar a respeito dos assuntos
pertinentes a nossa realidade mais próxima. A mídia é o instrumento mais eficaz
para produzir a falsa ideia de que, quem rouba dinheiro público é diferente, o
chamando de contraventor. Demóstenes Torres o mais atual bode expiatório da
justiça brasileira, que uma vez por ano queima alguém na fogueira da
honestidade, causando uma sensação de que há realmente justiça contra a
corrupção, e contra os contraventores. Para estes a justiça é tão morosa, a
ponto de nos fazer esquecer até sob qual acusação eles estão sendo julgados.
Enquanto a mídia nos
golpeia com assuntos aparentemente pertinentes, porém de modo confuso e
aleatório, como foram os últimos casos de abusos políticos, nós entendemos que
somos capazes de discernir entre os contraventores, quem pode e quem não pode ou
o que pode e o que não pode. Em contrapartida aos atos abusivos de corrupção, a
mídia apresenta em seus telejornais exemplos de honestidade, como foi o caso do
casal de mendigos que encontrou 20 mil reais na rua e devolveu. A estratégia é
a seguinte, nos culpabilizar pela desonestidade que acontece no mais alto
escalão da política. Ora, nós temos que dar os mais simples exemplos de
honestidade no nosso dia a dia, já que queremos políticos honestos, como se
eles fossem seguir estes exemplos? Eu queria ser poupado de tamanho absurdo, e
ser poupado também de como a maioria se atém a superficialidade das temáticas,
sem ter capacidade de buscar na raiz dos
problemas a solução mais condizente com a realidade. Nós não precisamos de
exemplos de honestidade, por que a necessidade de ter exemplos já é a afirmação
de que ser honesto não é algo natural. Ser honesto então é questão de
aprendizagem? Mas como esperar que políticos no exercício de sua profissão
aprendam a serem honestos? Honestidade é algo subjetivo, e pode ser facilmente
encenado. Praticar atos de honestidade não garante a honestidade em si.
Verdadeiros símbolos de honestidade na política, por várias vezes foram
descobertos os maiores contraventores da história, como é o caso do próprio
Demóstenes Torres.
Partindo do
macrocosmo da política nacional, nos deparamos com o microcosmo quase
tupiniquim que permeia a política, principalmente em pequenos municipios, que
não difere em nada dos conceitos famigerados criados pela idealização burguesa
de infringir as regras. Quando ouvimos o populacho dizer que ladrão de galinha
é quem realmente paga pelo crime, não estamos ouvindo nada mais do que a
compreensão da realidade concreta, porém ainda pouco articulada. Quer dizer,
nós por mais ignorantes que sejamos somos capazes de sentir, de perceber que
estamos sendo abusados, violentados todos os dias, por que isso é muito óbvio.
O que não é tão claro assim, são as medidas as quais devemos tomar diante de
situações diversas que presenciamos, com relação à contravenção de políticos
que imitam a ficção, por se acharem tão donos do mundo a ponto de usar dos
meios públicos para promoverem-se visto a proximidade das eleições. Quando vejo
as fotos desses que se dizem representantes do povo nos jornais, nas redes
sociais, logo penso nas formas espúrias que eles utilizaram para obter o
mandato. A maior parte dos candidatos tem intima relação com o comercio, ou
seja, são pequenos burgueses, que se acham ricos, esse é o mal da atualidade do
sistema capitalista, essa ideia de classes é um dos fatores que mais promove a
competitividade, o status quo, ambição, e a melhor posição em detrimento dos
demais, é o principal motivo e incentivador da desonestidade. Estas relações de
poder aparecem em casos reais, onde a falta de ética permite usar do poder
público no sentido de uma possível reeleição, promovendo vantagens a um
determinado grupo, que sentindo-se numa classe beneficiada, também se sentirá
no dever de pagar com votos e com campanha política.
Sabendo que em ano
de eleição se vende até a mãe para conseguir o mandato, não devemos ficar em
silencio quando ficamos sabendo de algum episódio relacionado a isso. No
serviço público, por exemplo, os nossos “representantes políticos” encontram meios de se promover, usando a chamada
"carteirada" para beneficiar seus cabos eleitorais em atendimentos
nos serviços públicos à população, em atendimentos médicos, aquisição de
remédios etc. Fico imaginando como deve ser frustrante, e porque não dizer
deprimente para aqueles que têm que atender a um pedido desses: seguir a
orientação de honestidade dada por seus pais, ou seu senso de ética ou
dar o famoso "jeitinho" para não perder o emprego, ou ter que a
todo momento ficar dando explicações do porquê não atendeu a
"autoridade"? Complicado isso não?
Autor Rodrigo Eduardo
Prof: de Educação Fisica
Membro do CDH Sarandi
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