quarta-feira, 18 de julho de 2012

Do ato político aos famigerados contraventores eleitos.




O que diferencia um bandido de um contraventor? A terminologia. A diferença de classes nomeia de diferentes formas aquilo que possui o mesmo significado, promovendo a ignorância, a confusão e por fim a preguiça de pensar a respeito dos assuntos pertinentes a nossa realidade mais próxima. A mídia é o instrumento mais eficaz para produzir a falsa ideia de que, quem rouba dinheiro público é diferente, o chamando de contraventor. Demóstenes Torres o mais atual bode expiatório da justiça brasileira, que uma vez por ano queima alguém na fogueira da honestidade, causando uma sensação de que há realmente justiça contra a corrupção, e contra os contraventores. Para estes a justiça é tão morosa, a ponto de nos fazer esquecer até sob qual acusação eles estão sendo julgados.
Enquanto a mídia nos golpeia com assuntos aparentemente pertinentes, porém de modo confuso e aleatório, como foram os últimos casos de abusos políticos, nós entendemos que somos capazes de discernir entre os contraventores, quem pode e quem não pode ou o que pode e o que não pode. Em contrapartida aos atos abusivos de corrupção, a mídia apresenta em seus telejornais exemplos de honestidade, como foi o caso do casal de mendigos que encontrou 20 mil reais na rua e devolveu. A estratégia é a seguinte, nos culpabilizar pela desonestidade que acontece no mais alto escalão da política. Ora, nós temos que dar os mais simples exemplos de honestidade no nosso dia a dia, já que queremos políticos honestos, como se eles fossem seguir estes exemplos? Eu queria ser poupado de tamanho absurdo, e ser poupado também de como a maioria se atém a superficialidade das temáticas, sem ter  capacidade de buscar na raiz dos problemas a solução mais condizente com a realidade. Nós não precisamos de exemplos de honestidade, por que a necessidade de ter exemplos já é a afirmação de que ser honesto não é algo natural. Ser honesto então é questão de aprendizagem? Mas como esperar que políticos no exercício de sua profissão aprendam a serem honestos? Honestidade é algo subjetivo, e pode ser facilmente encenado. Praticar atos de honestidade não garante a honestidade em si. Verdadeiros símbolos de honestidade na política, por várias vezes foram descobertos os maiores contraventores da história, como é o caso do próprio Demóstenes Torres.
Partindo do macrocosmo da política nacional, nos deparamos com o microcosmo quase tupiniquim que permeia a política, principalmente em pequenos municipios, que não difere em nada dos conceitos famigerados criados pela idealização burguesa de infringir as regras. Quando ouvimos o populacho dizer que ladrão de galinha é quem realmente paga pelo crime, não estamos ouvindo nada mais do que a compreensão da realidade concreta, porém ainda pouco articulada. Quer dizer, nós por mais ignorantes que sejamos somos capazes de sentir, de perceber que estamos sendo abusados, violentados todos os dias, por que isso é muito óbvio. O que não é tão claro assim, são as medidas as quais devemos tomar diante de situações diversas que presenciamos, com relação à contravenção de políticos que imitam a ficção, por se acharem tão donos do mundo a ponto de usar dos meios públicos para promoverem-se visto a proximidade das eleições. Quando vejo as fotos desses que se dizem representantes do povo nos jornais, nas redes sociais, logo penso nas formas espúrias que eles utilizaram para obter o mandato. A maior parte dos candidatos tem intima relação com o comercio, ou seja, são pequenos burgueses, que se acham ricos, esse é o mal da atualidade do sistema capitalista, essa ideia de classes é um dos fatores que mais promove a competitividade, o status quo, ambição, e a melhor posição em detrimento dos demais, é o principal motivo e incentivador da desonestidade. Estas relações de poder aparecem em casos reais, onde a falta de ética permite usar do poder público no sentido de uma possível reeleição, promovendo vantagens a um determinado grupo, que sentindo-se numa classe beneficiada, também se sentirá no dever de pagar com votos e com campanha política.
Sabendo que em ano de eleição se vende até a mãe para conseguir o mandato, não devemos ficar em silencio  quando ficamos sabendo de algum episódio relacionado a isso. No serviço público, por exemplo, os nossos  “representantes políticos” encontram meios de se promover,  usando a chamada "carteirada" para beneficiar seus cabos eleitorais em atendimentos nos serviços públicos à população, em atendimentos médicos, aquisição de remédios etc. Fico imaginando como deve ser frustrante, e porque não dizer deprimente para aqueles que têm que atender a um pedido desses: seguir a orientação de honestidade dada por seus pais, ou seu senso de ética ou  dar o famoso "jeitinho" para não perder o emprego, ou ter que a todo momento ficar dando explicações do porquê não atendeu a "autoridade"? Complicado isso não?
Autor Rodrigo Eduardo
Prof: de Educação Fisica
Membro do CDH Sarandi

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