sábado, 10 de julho de 2010

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


“As pessoas envolvidas na relação violenta devem ter o desejo de mudar. É por esta razão que não se acredita numa mudança radical de uma relação violenta, quando se trabalha exclusivamente com a vítima. Sofrendo esta algumas mudanças, enquanto a outra parte permanece o que sempre foi, mantendo seus habitus, a relação pode inclusive, tornar-se ainda mais violenta. Todos percebem que a vítima precisa de ajuda, mas poucos vêem esta necessidade no agressor. As duas partes precisam de auxílio para promover uma verdadeira transformação da relação violenta.Heleieth Saffioti
No Brasil, pesquisa da Fundação Perseu Abramo revela que a cada 15 segundos uma mulher é agredida. Estima-se que mais de 2 milhões de mulheres são espancadas a cada ano por maridos ou namorados, atuais e antigos.
Os números sobre a incidência da violência contra a mulher no país contrastam com os dados recentes da pesquisa Ibope – Instituto Patrícia Galvão, que revelam um alto grau de rejeição à violência contra as mulheres: 82% dos entrevistados respondem que “não existe nenhuma situação que justifique a agressão do homem a sua mulher”. Além disso, 91% consideram muito grave o fato de mulheres serem agredidas por companheiros e maridos. Ao mesmo tempo, o velho ditado que afirma que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” ainda tem boa aceitação (66%).
Observa-se que há uma atitude contrária à violência, mas não há um comportamento equivalente. 
O conjunto de dados disponíveis aponta para a necessidade de maior visibilidade e debate sobre a violência doméstica. Ao lado de políticas públicas nas áreas da justiça, saúde e segurança, são também necessá­rias estratégias de comunicação junto à sociedade para promover mais discussão e mudanças de comportamento.
É neste contexto que apresentamos a Campanha Onde tem violência todo mundo perde. As mudanças de comportamento e atitude frente à violência contra a mulher dependem sobretudo de aspectos culturais e de mentalidades, campo em que a mídia pode ser bastante eficaz.
A novidade da campanha é que ela é dirigida aos homens, autores ou não de violência. O apelo é para que os homens que praticam a violência cessem com as agressões às suas companheiras e para que os outros deixem de ser indiferentes e omissos frente à violência. A aposta é na mudança de atitude e na resolução de conflitos sem violência.
Com dados, informações e análises, esta publicação é um esforço para fazer da comunicação uma estratégia de prevenção à violência contra a mulher. Para saber mais...

Jacira Vieira de Melo / Diretora do Instituto Patrícia Galvão
 

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